Sei lá...

Não me considero uma má pessoa... tenho defeitos, claro (nao muitos hihihi) mas no fundo não acho que seja má pessoa. Tento ser a melhor pessoa, filha, mulher, mãe e amiga que consigo, apesar de falhar...ao menos tento ser boa...

Hoje, a caminho de casa, depois de um dia de trabalho, já costumeiramente menos bom, parei na passadeira e a senhora que atravessa à minha frente chorava e chorava e chorava. Senti uma enorme empatia com ela, mas não consegui sair do meu carro e perguntar àquela estranha o que tinha. Por um lado, a ansia de chegar a casa, por outro o facto de me ir intrometer na vida de alguem, depois a "simples" questão de não conhecer aquela pessoa, somado ao facto de nao saber se ela estava triste ou se era "desvairada".... fizeram com que, confortavelmente, continuasse a minha viagem e não ajudasse aquela senhora. Confortável, claro.... mas a verdade é que nestas curtas horas já me lembrei muitas vezes dela...e, agora, acho que devia ter parado o carro... O mais triste é que agora nem era pela tristeza dela...era só para que a minha consciencia não me consumisse de arrependimento.

No fim das contas, apercebo-me que até nos actos mais altruistas....também mora o egoismo....

No fundo, acho que tenho de repensar esta questão das "boas pessoas" e acima de tudo.... acreditar que não sou tão boa como penso... não tão má como julgo

Os stressados

Se há coisa que me irrita são aquelas pessoas que fazem pouco e o que fazem fazem num stress. Parece que só eles é que trabalham e que nada no mundo é mais importante do que isso. Trabalham a resmungar, nunca podem ajudar e quando resolvem mete as maos ao trabalho é sempre para atrapalhar a vida dos outros.

Estes são aqueles que resmungam durante todo o horário de expediente e quando vão para casa buzinam e implicam com todos os outros condutores....

Para estes...e acho que para todos nós...que estamos todos a precisar de umas boas férias...aconselho um Xanax

Alimento

No sábado fazia anos de casada e à bom cliché...fui almoçar fora com o maridinho e com a filhota, pois ela é parte integrante e participativa neste casamento a três...por enquanto.
Como estava bem ameno sentámo-nos na esplanada do restaurante.

Adoro esta cidade no Verão. A brisa do rio, o barulho da Feira Popular, o sotaque dos estrangeiros que repetem 50 vezes obrigado, pois é a unica palavra que se designam a aprender em português (e talvez ADEUS, FADO e RONALDO)....
Pedimos uma sopa para a piolha e, como habitual, observei os meus "colegas" de restaurante.
O casal de ingleses que emborca uma garrafa de vinho tinto, a familia perfeita do pai, mãe, filho, filha e bebé a caminho (tão perfeita que o pai se levanta por livre recriação e vai colocar o chapéu à filha que sossegadamente lê um livro a olhar para o rio)..estes pedem um peixinho grelhado e aguinha, e, finalmente, o pai (sem aliança) que vai almoçar ao sábado com os dois filhos e que pede hamburguer e batatas fritas para eles e uma carninha com tudo o que tem direito para ele... As crianças regam com uma coca-cola e o pai com uma cervejinha...que é bom para conduzir as crianças. Na minha cabeça, imagino o tipico pai de fim-de-semana que não está para se maçar.
Não tenho, de todo, qualquer preconceito em relação aos conceitos de novas familias...mas não posso evitar de me questionar: será que os hábitos alimentares têm ligação directa com o "sucesso" (à falta de melhor termo vai este) dos casamentos?
Não pude de deixar de avaliar o "sucesso" do meu casamento com aquilo que pedimos para nós... bifinho grelhado e massada de peixe para dividir e uma garrafa de água e um refrigerente, também para dividir, pois com uma criança tão pequena é dificil bebermos sumo e ela a bela da água.... Pensando bem, pedimos 50% de saudável e 50% de comida não-saudável....Será que tenho 50% de hipóteses de ter um casamento "saudável"?
E assim meditei nos únicos minutos que a minha filha e o meu marido estiveram entretidos um com o outro... de repente a voz: "agoia à mamã"...cortou os pensamentos e lá me fizeram, filha e pai: bichigo-gato na minha carinha... com coca-cola, hamburguer, peixe, broculos ou fruta...ali estava a minha nossa familia...para sempre.
Num ápice, o unico alimento que precisava..estava ali... já tinha a alma e o coração reconfortado!